O
desembargador Paulo Dias de Moura Ribeiro foi aprovado por
unanimidade pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania
(CCJ) do Senado Federal para ocupar o cargo de ministro do Superior
Tribunal de Justiça (STJ). Seu nome ainda passará por aprovação
no plenário do Senado, última etapa antes da nomeação pela
Presidência da República.
A
sabatina na CCJ, na tarde desta terça-feira (25), contou com 16
senadores, que também aprovaram requerimento com pedido de urgência
para a votação em plenário. Se aprovado, Paulo Dias de Moura
Ribeiro ocupará vaga destinada a desembargadores da Justiça
estadual, aberta com a aposentadoria do ministro Massami Uyeda.
Nesta
quarta-feira (26), a partir das 9h, mais dois indicados serão
sabatinados: a desembargadora federal Regina Helena Costa e o
procurador de Justiça Rogério Schietti Machado Cruz.
O relator
da indicação de Moura Ribeiro foi o senador Cícero Lucena
(PSDB-PB). Para a indicação de Regina Helena Costa, o relator é o
senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP). Já o senador Eduardo
Braga (PMDB-AM) ficou com a relatoria da indicação de Rogério
Schietti Machado Cruz.
Questionamentos
Durante
mais de uma hora, o desembargador Moura Ribeiro respodeu a diversos
questionamentos sobre os mais variados temas, como a PEC 37, redução
da maioridade penal, morosidade da Justiça, reforma do Código
Civil, penas alternativas e o financiamento público de campanhas
eleitorais.
Sobre a
PEC 37, Paulo Moura Ribeiro reconheceu que a questão é polêmica e
que o Congressso Nacional é o foro adequado para a discussão da
matéria, mas ressaltou que a investigação criminal deve ser sempre
a mais ampla possível.
O
desembargador afirmou ser contra a redução da maioridade penal.
Para ele, a diminuição pode criar novos problemas: “Gostaria de
dizer o que a imprensa vem falando cotidianamente, que tem que
baixar. Mas meu coração não me deixa falar isso.”
Quanto à
criticada morosidade da Justiça no Brasil, Moura Ribeiro disse que o
país não pode continuar convivendo com processos tão demorados.
Ele ressaltou que os procedimentos de conhecimento até são ágeis,
mas o problema é a execução. “Apesar da reforma que tivemos no
Código de Processo Civil, a execução continua muito demorada”,
afirmou.
Para o
desembargador, parte desse problema pode ser resolvida com a
aplicação de métodos alternativos de resolução de conflito, “um
caminho que felizmente está sendo trilhado no Brasil”. Ele
enfatizou que a reforma do Código de Processo Civil, com muita
propriedade, tratou especificamente da figura do conciliador, um novo
e eficiente viés do Judiciário.
“Eu só
esperava que a função fosse enquadrada como um cargo de carreira
com remuneração”, lamentou, acrescentando que a Resolução 125
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) diz apenas que os
conciliadores poderão ser remunerados. “O acordo é sempre mais
amplo do que a solução adjudicada”, ressaltou o desembargador.
Reforma
política
Durante a
sabatina, Moura Ribeiro falou até sobre as manifestações nas ruas
brasileiras: “São legítimas e fazem parte do regime democrático.
O problema são os atos de vandalismo. Isso nenhum de nós quer.”
Indagado
sobre a reforma política e o financiamento público da campanha, foi
enfático: “Parece que é a hora e o dia. Precisamos chegar lá.”
Ele concorda que as pessoas jurídicas devam ser afastadas do
financiamento das campanhas, e que as doações sejam limitadas às
pessoas físicas: “Seria um financiamento absolutamente democrático
e estimularia a participação da população nesse movimento.”
Sobre a
aplicação de penas alternativas, o desembargador ressaltou que o
Brasil não pode ficar à margem desta tendência mundial e,
novamente, declarou sua confiança no Poder Legislativo: “Estou
certo de que o Congresso Nacional conduzirá a questão com
sabedoria.”
Paulo
Dias de Moura Ribeiro finalizou sua sabatina afirmando que sair do
Judiciário é mais difícil do que acessá-lo. Ele explicou que,
atualmente, mesmo quem não tem dinheiro consegue acesso à Justiça
por meio dos alunos de direito, das faculdades, do serviço público
e dos advogados dativos. “O grande problema é como sair do
Judiciário depois das demandas ajuizadas”, disse.
Desembargador
do Tribunal de Justiça de São Paulo, Paulo Dias Moura Ribeiro é
graduado pela Faculdade Católica de Direito de Santos (1976), tem
pós-graduação lato sensu pela Universidade de Guarulhos (2010),
mestrado e doutorado em direito pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo. É diretor do curso de direito e professor
titular da Universidade de Guarulhos.
Fonte
site STJ
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