A partir
de agora, mulheres que querem engravidar mas dependem da doação de
óvulos só poderão receber o material genético até os 50 anos de
idade. A regra começa a valer a partir de 09.05.2013, quando a nova resolução
do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre reprodução assistida
será publicada no Diário Oficial da União. A resolução preenche
a lacuna de não existir, no Brasil, uma legislação que regulamente
a prática da reprodução assistida.
Antes não
havia um limite de idade estabelecido. A regra é uma das novidades
da terceira versão das normas que regulamentam o procedimento. A
primeira norma foi estabelecida em 1992 e revisada, apenas uma vez,
em 2010. A comissão de especialistas, que reúne ginecologistas e
geneticistas, se debruçou nos últimos 12 meses para atualizar o
documento a partir de experiências que vem sendo observadas pelos
médicos.
"É
comprovado que a idade reprodutiva da mulher é até os 45 anos.
Elevamos para 48 anos e depois de uma discussão exaustiva chegamos
aos 50 anos. A partir daí existem riscos para a mulher e para a
criança", explicou José Hiran Gallo, coordenador da Câmara
Técnica de Reprodução Assistida do CFM. Após os 50 anos, aumentam
os casos de hipertensão na gravidez e diabetes. A gestação nessa
idade ainda pode provocar, para a criança, nascimento abaixo do peso
e o parto pré-maturo.
Apesar da
definição, os especialistas reconhecem que podem surgir casos em
que a regra poderá ser flexionada. "Da mesma forma que, em
alguns casos, o médico pode decidir não fazer o procedimento em
mulheres mais novas, por considerar que não terão condições de
gerar, ele pode também flexionar em casos de mulheres acima de 50
anos, se considerar que elas teriam condições de engravidar",
explicou Carlos Vital, vice-presidente do CFM.
A idade
para doação do óvulo também ficou limitada nos casos de doação
compartilhada, ou seja, quando uma mulher que está tentando
engravidar doa parte dos seus óvulos para uma mulher mais velha, que
não produz mais óvulos, em troca do custeio de parte do tratamento.
Os médicos decidiram que a idade máxima para a doação é 35 anos
para as mulheres e de 50 para homem que se dispõem a doar sêmen.
De acordo
com o presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida
(SBRA), Adelino Amaral, a qualidade dos óvulos doados até essa
idade é maior e, com isso, as chances da receptora engravidar
aumentam. "A partir dos 35 anos, a qualidade do óvulo diminui e
o risco de doenças genéticas aumenta", explicou.
O número
de óvulos e embriões também vai considerar apenas a idade da
mulher que está doando. Ou seja, a receptora pode receber até
quatro oócitos (células germinativas femininas) e embriões
transferidos, considerando que, mulheres com até 35 anos, recebem
até dois embriões, as receptoras com idade entre 36 e 39 anos podem
receber até três embriões e as mulheres entre 40 e 50 anos recebem
o máximo permitido de até quatro embriões.
De acordo
com especialistas na área, a probabilidade de uma mulher acima de 40
anos engravidar é quase 10%, enquanto que, até os 35 anos, as
chances são superiores a 40%. Considerando esses cenários, a
limitação reduz as chances da gestação múltipla, ou seja, de
mais de um filho, o que poderia significar risco para mulheres mais
velhas.
"Existe
uma demanda muito grande de mulheres de mais de 45 anos ou mulheres
mais jovens que não produzem óvulos. Tem mais de 5 mil mulheres
aguardando um procedimento como a reprodução assistida, apenas no
serviço público de saúde de Brasília", disse Amaral.
O custo
do procedimento completo varia entre R$ 15 mil e R$ 20 mil. No
sistema público de saúde, o procedimento é feito em apenas cinco
unidades da federação. Além do Distrito Federal, a reprodução é
feita em hospitais públicos de Goiânia, Natal, Recife e em dois
hospitais de São Paulo.
De
acordo com a SBRA, menos de 5% das fertilizações in vitro são
feitas gratuitamente no país. "Tem algumas situações em
clínicas que fazem hoje a doação compartilhada, em que a doadora
não paga nada e a receptora decide pagar todo o tratamento",
disse. A receptora que arca com parte ou o total dos custos do
tratamento assume o risco de não poder receber o material, caso a
produção seja inferior.
Nos casos
de doação compartilhada, as clínicas são obrigadas a guardar
sigilo sobre a doadora, mas fornecem todos os tipos de informações
como estatura, cor dos olhos e dos cabelos, peso, até a escolaridade
da doadora, para tentar aproximar aparência física e
compatibilidades como a de sangue, evitando problemas no futuro.
Fonte
site Agência Brasil
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