Numa
pequena cidade do interior houve um homicídio que chamou a atenção
de todos. A vítima recebera vários tiros em um lugar ermo e à
noite. Ninguém presenciara o crime, os vizinhos mais próximos
apenas ouviram os disparos.
Mas
havia um pormenor curioso: junto ao morto foi encontrado um chapéu,
idêntico àquele com que um seu desafeto era sempre visto. As
suspeitas aumentaram em face das frequentes discussões entre os
dois, a última das quais poucos dias antes. O desafeto foi a
julgamento.
No dia
do júri, o réu negou mais uma vez a acusação de ser o dono do tal
chapéu, alegando ter perdido o seu há tempos. Não havendo
testemunhas, o chapéu, colocado solenemente sobre uma mesa do
plenário, era a única evidência da autoria.
A defesa
demonstrou que aquele modelo de chapéu fora produzido aos milhares e
que centenas deles tinham sido vendidos na região.
O réu
foi absolvido por unanimidade e o promotor de justiça não apelou.
Uns dez
dias depois, o ex-acusado foi ao fórum, sem seu advogado, dizendo
que queria falar pessoalmente com o juiz. O magistrado o atendeu e
ele, num misto de simploriedade e desfaçatez, disse:
─
Doutor, agora que o processo acabou, eu queria o meu chapéu
de volta.
Texto de
Roberto Delmanto, publicado em Carta Forense, adaptado para este
blog.
Cara de pau, esse réu. E ficou impune porque o promotor desistiu, não acreditou numa condenação nos tribunais. Ótima postagem. Beijos.
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